Não tem problema o bairro inteiro ser de living street. Se você o marcar assim, roteadores saberão que é um lugar de difícil passagem e mandarão os veículos fazendo a volta por ele. Idem para os usuários que estejam olhando pra um mapa em papel tentando decidir uma rota.
Da maneira que se define “living street” no OSM internacional e nos países que de fato têm esse conceito, esse tipo de rua não é visto como inferior (no aspecto filosófico e moral) a “residential”. Nem o é da maneira que eu sugiro no Brasil. A única coisa “inferior” é a velocidade média. Na cabeça de alguns (com os quais eu concordo), isso inclusive é uma boa coisa (melhor pra saúde e pra convivência das pessoas).
Algo próximo que se tem por aqui no Brasil são os curtos trechos em torno de escolas sinalizando uma maior presença de crianças e obrigando uma velocidade reduzida. Mas lá fora, o conceito é mais amplo e inclui adultos e ocorre em lugares mais diversificados (apesar de a maioria ser mesmo em áreas mais residenciais, distantes do centro).
Outro caso que poderia ser similar ao seu, Alexandre, são as ruas no centro de Salvador. São todas “residenciais” (no sentido de terem muitas residências), mas a maioria é de difícil acesso. Alguém navegando por essa área precisa saber disso pra não se meter num lugar de onde é difícil ou complicado sair. A minha opinião (que não é a opinião geral da comunidade) é que o mapa deve ajudar as pessoas a tomar essa decisão (entre outras). Onde as pessoas mais discordam da minha opinião é o fato de essa definição não ser “oficial”, de não ter placa indicando que a rua é de espaço compartilhado (como é lá fora).
Vou aproveitar essa linha de pensamento e lhe deixar com alguns exemplos aqui em Porto Alegre:
este bairro já foi mais pobre e vem se desenvolvendo recentemente, todas essas ruas são bastante estreitas e notavelmente diferentes das outras residenciais da cidade (calçadas curtas, gente andando na rua em vários horários, carros estacionados de qualquer jeito, etc.); eu associo esses comportamentos não à condição financeira do bairro e sim ao fato de que pouca gente realmente passa de carro por ali (se mais gente passasse, os moradores não iam deixar o carro largado de qualquer jeito né)
este outro fica dentro da maior favela da cidade; as ruas são estreitas e tortuosas, devido à falta de planejamento urbano; como você pode ver, o lugar tem uma praça, duas escolas e uma capela (que é bem famosa, tem uma procissão todo ano que sobe o morro até ela); originalmente eu tinha mapeado isso com a intenção de evitar o roteamento por lugares inseguros, mas à medida que a discussão evoluiu na comunidade, hoje seria mapeado quase da mesma forma (e estou para revisar) por causa das características dessa via (ou seja, em parte a comunidade me ajudou a esclarecer o conceito que eu realmente queria capturar: o de uma classe de vias por onde é ruim passar de caro, não porque o asfalto é ruim, mas porque a via nunca foi projetada adequadamente para o trânsito)
ironicamente, logo ao lado fica um bairro relativamente mais rico mas também com living streets; pode ter menos gente andando na rua do que numa favela, mas os carros também são deixados de qualquer jeito e as ruas são estreitas, o que me indica que quase ninguém passa por ali normalmente
Todas essas situações me parecem (como motorista, ciclista e pedestre) bastante distintas das residenciais aqui, aqui e aqui.
(Dica: repare que na URL do OSM tem dois números no final. São coordenadas. Jogue-as no Google Maps sem a “/” no meio e você vai pro mesmo lugar que o meu link indica, daí você pode explorar com o Street View.)
Mas lembre: essa definição não é amplamente aceita no OSM e a discussão segue aos poucos. Se você quiser evitar a discussão, evite usar living street. Mas se alguém a estiver usando, deixe que use, ou pergunte por que está usando, até que você se sinta confiante pra usá-las. A minha sugestão é experimentar para ver em que casos se adequaria a Natal e regiões próximas, certamente a sua experiência fazendo isso enriqueceria o debate.
Mas uma rua típica do Conjunto Ponta Negra não é um lugar de difícil passagem, é apenas um lugar que ninguém quer passar, se pode andar em asfalto macio. Pelo contrário, é tranquilo trafegar de carro, moto ou bicicleta nessas ruas. Chances de batidas ou atropelamento, eu diria que são mínimas. O meu ponto, talvez, é que essas ruas tendem a ser desertas a maior parte do dia. Mas aí… deserto é não ter live.
Ah! Por “difícil acesso” você quer dizer xadrez de ruas? Aqui nem tanto é assim… mas eu estava lendo “difícil acesso” como condições de pavimentação, largura da via, pedestres no meio, essas coisas.
Sim, mas essa última parece uma rua que convida os moradores a ir para o meio da rua. Deve ser um lugar muito agradável.
Por outro lado, eu sei que não é essa a ideia com os exemplos de living street que foram dados, e concordo com eles, por serem como eu estava pensando. Mas o living street original convida as pessoas a irem “por lazer” para o meio da rua, não é?
O difícil pode envolver várias situações distintas (e pode ser que cada uma mereça um tratamento diferente). No momento, eu considero difícil aquilo que é estreito demais ou que tenha muitos obstáculos. A via estar em más condições é algo que se expressa com as tags surface (mais famosa) e smoothness (menos, não sei por quê).
Eu postei na outra thread, mas só pra não te deixar sem resposta (se quiser continuar, copia pra lá). Em lugar nenhum diz explicitamente que é por “lazer”, é mais ligado ao “convívio”, especialmente entre vizinhos. Geralmente envolve lazer, pode envolver coisas que não tenham tanta ligação com o lazer (tipo trabalho). O fundamental do conceito estrangeiro é que a prioridade do espaço é para o pedestre e que o veículo é quase um “intruso” que os pedestres deixam passar.
Quero sugerir que este tópico comece a ser desmembrado em outros. Já tem alguns casos, como a #126. “Traduções” é muito genérico. Para discussões ainda não encerradas, o respectivo autor da última mensagem correlata pode editá-la apontando para novo tópico.
Revisei as traduções do iD, “School Grounds” já estava consertada mas tinha outros problemas mais sérios que já deviam ser conhecidos dos tradutores, do tipo:
“nó” ao invés de “ponto”
“via/caminho/estrada” ao invés de “linha” (“via” é só pra linhas transitáveis)
“elemento/feição” (!) ao invés de “objeto”; a confusão é porque os autores do iD usam a palavra “feature” (uma escolha infeliz) para se referir a geometria + significado (tags)
O que vocês acham de traduzir “motorroad” como “via de trânsito rápido”? A descrição no OSM parece com a do CTB mas não com a da Wikipédia, que é bem parecida com o que ela mesma diz sobre autoestradas, que certamente são motorways.
Bem, a proposta está abandonada desde 2010 e é pouco usada. E motorroad é um termo inventado no OSM e é quase impossível de traduzir literalmente com clareza (“estrada motorizada”). Você preferiria mudar via expressa (de highway=trunk) para via rápida, como fazem os portugueses ao traduzir trunk no JOSM?
Key:motorroad: “The motorroad tag is used to describe highways that have motorway-like access restrictions (i.e. cyclists and pedestrians banned) but that are not a motorway.”
CTB: “Via de trânsito rápido - aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.” Então, tem razão, a expressway proposta é o mesmo que a via de trânsito rápido do CTB.
Via expressa > expressway (que é desambiguação para controlled-access highway e e limited-access road)
Se trunk tem características de limited-access roads, e essas são vias expressas, então faz algum sentido traduzir como via expressa; é pouco claro em inglês assim como é em português
Um pouco de Google e parece que o termo “via reservada” (citado como nome alternativo no artigo da Wikipédia sobre “via expressa”) é usado em Portugal num sentido bem parecido com o de motorroad. Ver também a antiga lei portuguesa (não consegui achar a atual).