[Landuse] — Melhorar a chave e os seus valores para uma informação de qualidade

Saudações, comunidade portuguesa.

Venho por este meio propor um debate a todos os membros da comunidade portuguesa, naquilo que no meu entender é para uma melhoria na qualidade da informação do projeto.
Proponho diretamente à comunidade portuguesa por dizer respeito à minha língua nativa, sendo mais fácil expressar-me. No entanto, caso surja alguma coisa de concreto deste debate, o mesmo será lançado para a comunidade geral, de modo que todos entendam e possam participar. —

O debate em questão, caso haja interesse por parte da comunidade, é para a criação de uma proposta que organize a chave landuse e os seus respetivos valores numa maneira coerente e seguindo uma estrutura hierárquica.
Certamente surgirão dúvidas de qual a necessidade e do que trará de novo, a uma chave e valores que já se usa há muito tempo e mudar algo desta dimensão exige uma boa explicação pelo processo demorado e trabalhoso que envolve.

Aos membros já de longa data neste projeto, reconhecerão certamente o problema existente que é, por vezes, a desorganização e aquilo que foi/é a escolha arbitrária de chaves e valores para muitos dos usos dos mais diversos temas. Este problema advém de boas intenções da comunidade em querer expandir o OpenStreetMap, abrangendo muito mais conteúdo, porém tornou-se a dado ponto descontrolável, gerando conflitos.

Ora, landuse ou uso do solo em português, o que significa, para que serve, quais os problemas com a atual maneira de mapear e como resolvê-los.

O uso do solo é a descrição de áreas socioeconómicas, as atividades praticadas num dado lugar (como residência, agricultura, transporte, comércio, …). Esta descrição do uso permite a gestão do território por entidades governativas, definindo para as áreas qual o seu uso admitido, consoante normas, para conciliar todo o tipo de atividades num local, idealmente para não prejudicar nem o humano, nem a natureza.
Importante salientar que isto difere do termo ocupação do solo (landcover em inglês), onde descreve a cobertura presente (visível à superfície).

Direcionando isto para o OpenStreetMap, devemos interpretar landuse como uma camada isolada, um contexto único e que em nada deve gerar conflito senão for misturado.
Segue abaixo um exemplo da representação do uso do solo.

(Imagem retirada do geoportal Utilisation du Sol en Wallonie - WALOUS 2018)
Podemos observar a vermelho o uso residencial, a azul o uso de serviços, a roxo as vias de transporte, etc. (valores presentes no geoportal).

Em contrapartida, um exemplo de representação da ocupação do solo é o seguinte.

(Imagem retirada do geoportal Occupation du Sol en Wallonie - WALOUS 2019)
Podemos observar a vermelho as construções artificiais, a cinzento os revestimentos artificiais, a amarelo a cobertura herbácea em rotação, etc. (valores presentes no geoportal).

Um dos problemas com o landuse concentra-se nesta mistura de representação gráfica com outras chaves, tais como landcover, natural e surface, citado como um problema existente nesta página. Como todas elas têm, ao mesmo tempo, uma representação gráfica gera sobreposições de informação e por sua vez conflitos.

Outro problema que vale ressaltar é a incompletude da chave quanto aos seus valores. A proposta de landuse lançada em 2008, o que foi proposto pouco ou nada mudou, mesmo sendo notório que a mesma não cobria todos os casos (ex.: transporte, preservação, gestão de recursos de energia, água e saneamento, …), o que contribuiu para o estado de conflito citado anteriormente.

Esta confusão é algo que se pode e deve esclarecer e resolver. E o que proponho a debate, é a construção de uma proposta que esclareça como mapear, o que mapear (com valores que cubram todos os casos), o que não mapear e com a devida separação das restantes chaves para não existir conflitos de sobreposição.
De modo cobrir todos os casos, indico que devemos optar por seguir um sistema de classificação usado por entidades responsáveis por este tipo de assunto, o que deveria ter sido usado logo em primeira instância. Nomeadamente sugiro a entidade Infrastructure for Spatial Information in Europe ou INSPIRE, esta possui um sistema de classificação do uso do solo intitulado de Hierarchical INSPIRE Land Use Classification System ou HILUCS, que serve como uma boa base embora seja direcionado para a Europa. Mas volto a frisar, caso surja uma proposta daqui, o mesmo terá que ser adaptado ao contexto global, obviamente.

E no fim, podem argumentar que o processo e trabalho exigido para alterar a informação é demorada. Concordo plenamente, mas também muitos devem concordar que existe um problema na organização das chaves e valores em certos contextos e não é porque o uso já é extenso que deve continuar no mesmo estado. É preferível pensar e fazer algo para melhorar a situação, mesmo que leve o seu tempo.

Creio que com isto consigo explicar o contexto do debate. Gostaria de saber a vossa opinião e esperemos que daqui surja algo para melhorar o projeto.

Obrigado pela atenção.

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Olá
As tuas preocupações são legitimas e não és o único a tê-las.
Também sou da opinião que é preferível usarr algo que já está maduro a “reinventar a roda”.
No entanto, em relação ao texto acima, permite-me as seguintes observações/sugestões, pois ele não se dirige a um publico genérico, antes a alguém que já sente o problema:.
1 - Tenta reduzir o número de palavras (está a meu ver demasiado explicativo/justificativo)
2 - Dá exemplos concretos dos conflitos
3 - Dá exemplos de como o Inspire os resolve
4 - Tenta prever uma evolução futura e como o uso do Inspire (pela sua lógica) pode prevenir futuros problemas
Bom trabalho
TL
PS: Desculpa dar-te mais trabalho ;-))

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Hello, great to hear that you are also concerned about this. And willing to do something about it.

A while back i worked on improving the situation by clarifying the situation of functional and phisical seperation in:

https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Proposal:Landcover_proposal_V2

Unfortunately the resulting discusion was not very constructive.

So i whould advise you to propose a solution that has as minimal changes as posible.

Obrigado pelo feedback.

Bom, foi necessário dar um contexto e esclarecer o propósito deste debate.
Contudo, eu vou precisar estender-me porque são assuntos longos, que não se pode largar simplesmente 2 ou 3 palavras.

Sendo mais concreto quantos aos conflitos.
O principal conflito, é a chave landuse não conseguir cobrir todos os casos de uso do solo, isto gera dúvida por parte dos mapeadores, acabando por depois mapear com valores não apropriados, indo buscar valores as outras chaves, mapeando depois sem o próprio objetivo de uso do solo.
Bom, e que casos?

Agricultura/Aquicultura/Silvicultura

Agricultura é dos únicos uso do solo mais específico em relações aos outros, o que não gera conflitos propriamente (talvez uma ou outra dúvida, na forma de mapear) e é mais uma questão de inconsistência da precisão com os demais usos.

Extração de recursos

  • Extração Animal (Caça)
landuse=forest
hunting=yes

(Zona Addestramento Cani “Gricigliana”, Itália)

  • Extração Animal (Pesca)
landuse=aquaculture
commercial=yes
leisure=fishing
produce=fish

(Ma Wan Fish Culture Zone, China)

Uso de outros valores para representar.


Indústria

Existe o valor industrial que representa uma indústria genérica, não especificamos o seu tipo:

  • Indústria Transformadora
  • Indústria Pesada
  • Indústria Leve

E as seguintes já contêm o valor industrial e são específicas, mesmo não sendo referidas na wiki landuse:

  • Indústria de Produção Enérgica → power=plant

  • Indústria de Gestão de Resíduos Sólidos → amenity=waste_transfer_station

  • Indústria de Gestão de Água e Saneamento → man_made=wastewater_plant

Estes 3 tipos de indústria, são então todas provenientes de chaves diferentes.


Serviços

Aqui ora somos genéricos:

  • Commercial
  • Institutional

Ora somos específicos:

  • Retail
  • Education
  • Religion
  • Recreation_ground
  • Cemetery

Com isto não se sabe se opta por genérico:

  • Serviços Financeiros
  • Serviços Comunitários

  • Ou se opta por específico:
  • Saúde
  • Entretenimento
  • Restauração

Resumindo, mistura-se tudo dentro da chave amenity e outras (o que é inclusive outro problema citado pela comunidade).

(Sunshine Hospital, Austrália)

landuse=commercial
healthcare=hospital
amenity=hospital

Transporte

Por algum motivo foi-se específico quanto ao seguinte:

  • Garage
  • Depot
  • Railway

De resto, não existe transporte, certo?

(Gare maritime d’Alger, Algéria)

landuse=transportation
amenity=ferry_terminal
ferry=yes
  • Tuboviário
  • Caboviário

Preservação

  • Cultural
  • Natural

Aqui é sobretudo descrito com:

  • boundary=protected_area + protected_class=* (surgiu 1 ano e tal após a proposta de valores para o landuse)
  • heritage=* (surgiu 7 anos após a proposta de valores para o landuse)

Áreas abandonadas

Aqui podem argumentar que existe:

  • greenfield
  • brownfield (e até greyfield)

Mas a sua definição foca-se para área com uso planeado, que eu saiba um dos princípios do OSM é somente mapear o que existe.


Sem uso

Por fim, tudo o resto que não tenha um uso socioeconómico, ideal para aqueles que gostam de um mapa preenchido sem buracos, mas não extremamente necessário.


Agradeço a quem leu até aqui.

Restantes conflitos? Resultam do principal citado acima, a falta de valores, levou a que se procure resolver recorrendo a outras chaves.
A falta de informação e clareza de como mapear levou a que existam áreas que contenham múltiplos valores do landuse dentro.

(Zona residencial, Isparta, Turquia)
Este exemplo, existe há 8 anos, contendo:

  • landuse=cemetery
  • landuse=railway
  • landuse=grass
  • landuse=military
  • landuse=forest
  • landuse=industrial
  • landuse=commercial
  • landuse=farmland
  • landuse=retail
  • landuse=recreation_ground
  • E como se já não fosse suficiente, landuse=residential

Creio que com o que escrevi anteriormente, já é suficientemente explicativo de qual o contexto que o INSPIRE se inserirá. Dado que o problema principal é a falta de cobrir todos os casos. Mencionei esse projeto, justamente porque o objetivo dele é tentar cobrir todo o tipo de casos.

Mesmo após isto tudo, podem existir diversas abordagens, o porquê de optar por uma organização hierárquica que o INSPIRE se baseia, e não uma abordagem linear?

Bom, uma abordagem linear, iria implicar que todos os valores tivessem a mesma importância, logo não poderíamos ser uma mistura de genérico com específico. Tendo uma lista extensa de um só nível iríamos resultar naquilo que são outros problemas no OSM, as chaves man_made e amenity.

Optando por uma abordagem hierárquica, temos a opção de diversos níveis, podendo coexistir genérico com específico. Um ponto a favor é que para novatos, o processo seria facilitado, podendo simplesmente mapear algo como genérico e estaria válido, deixando a parte específica para os mapeadores experientes e dedicados.

E não sei se com isto respondi igualmente ao teu ponto 4.

Obrigado pelo feedback.

Eu li e acompanhei parte da publicação Landcover, percebi o ponto que queriam referir e resolver. Serviu-me de inspiração para este, só lamento que de certa forma a comunidade não viu como um propósito melhor. Espero que tanto com esta proposta como a de landcover surja algo sólido e útil para o projeto OSM.

Quanto ao teu conselho, eu acho que a comunidade não pode ver e entender a proposta partindo logo com barreiras e pondo a questão que são muitas alterações e tudo mais. A maioria da comunidade concorda que existe o problema, e existe igualmente membros que querem resolver o problema. Ninguém pede uma alteração brusca e repentina, a ideia é obter uma organização lógica que contribua a longo prazo positivamente para o projeto.

Dado o que foi conversado no tópico Landcover, concluímos que na situação atual que se encontra o OSM apenas a parte da proposta com objetivo de adição é viável.

Qualquer alteração ou remoção de chaves e valores existentes e com bastante uso, mesmo que seja com uma visão de simplificar o método de mapeamento inconcebível, sendo necessário desenvolver primeiro um sistema para a transição destes cenários.

Sendo assim, anula praticamente a proposta na totalidade, considerando apenas viável a implementação dos seguintes valores:

landuse=transport → com o objetivo de representar todo e qualquer tipo de área com a função de transporte e englobaria todo o tipo de redes de transporte:

  • Rede rodoviária
  • Rede ferroviária
  • Rede cicloviária
  • Rede pedoviária
  • Rede aquaviária
  • Rede aeroviária
  • Rede tuboviária
  • Rede caboviária

A nível do sector extrativo, apenas consta 1 dos 3 valores, o mineral através de landuse=quarry.
Não existe e propunha então valores para cobrir os outros 2 tipos restantes:

  • Extração animal (engloba a caça e pesca)
  • Extração vegetal (engloba recolha de frutos, madeira, raízes, folhas e seiva)

A nível do sector industrial, há a possibilidade de separar e especificar em mais detalhe o tipo de indústria sem afetar o restante funcionamento do OSM.

Tudo o restante iria envolver alterar e/ou remover, o que é fora de questão no momento.

note that we already have landuse=railway and landuse=highway. However, personaly i do not map landuse=highway as i just see any unmapped gap in the landuse layer as landuse=highway.

Certíssimo, então dado que já existem esses valores, para continuar tudo operacional, seria adicionar os valores da hierarquia mais abaixo, ou seja landuse=transport deixa de ser viável.