Como interpretar plano diretor para hierarquia de vias e definição de velocidades máximas

Pessoal, bom dia. Esta é minha primeira postagem no forum =)

Estou tentando atualizar as velocidades máximas de vias em São Caetano do Sul (e gostaria de fazer isso em outros municípios também).
Além do roteador para carros, seria muito útil para bicicletas, pois é legal saber quais são as vias locais de baixa velocidade, onde é mais seguro para pedalar.

Pelas minhas pesquisas, de acordo com as leis de trânsito, vias urbanas sem sinalização tem velocidade máxima definida de acordo com a sua hierarquia:
Vias de alta velocidade = 80kmh
Vias arteriais = 60kmh
Vias coletoras = 40kmh
Vias locais = 30kmh

Para descobrir a hierarquia em São Caetano, eu baixei o plano diretor, junto com o anexo contendo o mapa da hierarquia.

Sobre o que mencionei acima, minhas dúvidas são as seguintes:
Se uma via é classificada, por exemplo, como local, e não há sinalização referente à velocidade máxima nela, posso colocar a tag maxspeed=30 seguramente?
Como posso interpretar o mapa de hierarquia de vias? No caso específico do plano diretor de SCS, consta que é o plano do período de 2016 até 2025. Neste documento tem a “hierarquia atual” e a “proposta de nova hierarquia”. Qual das duas devo seguir? Não fica claro se a nova proposta já entrou em vigor.

Caso alguém tenha curiosidade, vou deixar o link para o plano diretor que encontrei. O mapa de hierarquia de vias está no anexo.

Resposta curta até que alguém possa complementar melhor.

Sim, mas desde que esteja seguro que não há sinalização. Lembro que já há limites implícitos de velocidade, então se não se tem certeza qual o limite de velocidade, pode deixar em branco.

Recomendo seguir a hierarquia atual, pois a outra é uma proposta. Mesmo na hierarquia atual pode ser que algumas vias não estejam adequadas ainda na realidade, sendo também propostas. Se for esse o caso, podem ser feitos alguns ajustes na classificação de vias, a fim de harmonizar o plano diretor com a realidade.

1 Like

Como bem respondeu o @adrianojbr, não se deve adicionar nenhum valor na etiqueta maxspeed se não estiver sinalizado na via. Também já há limites de velocidades implícitos, então os roteadores conseguem criar uma estimativa também de tempo de viagem com base na classificação da via (além de outros fatores).

Sobre a hierarquia, siga a que está vigente. Contudo, não é recomendado (pelo que me foi passado) traduzir diretamente o que está no plano diretor diretamente ao OSM. Deve-se verificar via por via, e ver se aquilo faz sentido (às vezes a informação do plano diretor está totalmente descolado da realidade).

Eu mesmo criei um plano de compatibilizar o plano diretor de Fortaleza, mas ainda não coloquei em prática. Novamente, pelo que me foi passado, aquilo pode servir como um norte, mas cada via deve ser checada antes de ter sua classificação alterada ou não.

1 Like

Olá jaysonwcs,

Completando o que os colegas disseram, não é correto tentar adaptar literalmente o Plano Diretor de classficação viária pro OSM porque:
1 - O Plano diretor representa como idealmente as vias devem funcionar, já o OSM representa a realidade atual. Somado a isso o Plano diretor pode ter classificado uma via mesmo antes de ela ter sido construída ou adaptada para tal função.
2 - Não existe uma relação intrínsica entre as nomenclaturas que um plano diretor pode ter com as nomenclaturas utilizadas no OSM. Como exemplo extremo de que isso não pode ser feito, já vi cidade de 10 mil habitantes no Paraná, chamando uma via de troncal e o usuário traduzir pro OSM como trunk, e além disso havia vias principais que não se conectavam.

Existe uma regra de classificação vigente [1], onde por meio dela, e se inspirando no Plano Diretor, poderia ser feito uma confirmação a campo de sua classificação. Para isso deve-se levar em conta que:
1 - Uma via pode ter motivos externos ao município para ter aquela classificação, como por exemplo, se é a principal via entre outras 2 cidades.
2 - São Caetano do Sul, em específico, é uma cidade com 162 mil habitantes. Pela regra [1], devido ao seu tamanho, primary para as melhores rotas ligando ela a cidades maiores, e, secondary para as vias dentro dela que conectam bairros não vizinhos, e por fim, tertiary para as coletoras que abastecem essas secondaries. Numa cidade deste porte, excepcionalmente no máximo apenas 1 primary cortando a cidade de fora a fora — geralmente isso acontece se a via principal que conecta ela a outras cidade não corta sua mancha urbana.
3 - É preciso também considerar que São Caetano não é uma cidade isolada e é preciso considerar a classificação das vias dela dentro do contexto do malha viária da região metropolitana de São Paulo.

Vi que você já fez uns ajustes na classificação das vias dentro da cidade. A mais importante delas foi elevar a Avenida Presidente Kennedy para primary. Pela regra, neste caso, se ela funciona como uma estrutural atrevessando a cidade, a classificação pode estar ok. Porém como é preciso harmonizar a classificação dela com a malha viária de cidades vizinhas, não é correto que uma primary desemboque numa secondary (nível inferior) para depois alcançar outra primary ou superior, como está acontecendo em [imagem 1]. O ideal seria elevar também para primary o trecho destacado na [imagem 1] ou outra rota em caso de outra rota ser a preferida.

Também não faz sentido que a Rua Boa Vista seja primary pois não é um via que corta a cidade [imagem 2]. Poderia ser extendida por meio de outras vias para fazer cortar a cidade, porém isso sobrecarregaria as vias da cidade de primary, função essa já exercida teoricamente pela Avenida Presidente Kennedy. Então o ideal é manter ela como secondary mesmo.

É preciso também atentar para outras descontinuidades como essa secondary [imagem 3] que termina numa tertiary sendo que logo mais adiante há vias de classificação superior onde ela poderia se conectar.

[1] - Brazil/Classificação das rodovias do Brasil - OpenStreetMap Wiki

Imagem 1:

Imagem 2:

Imagem 3:

[]'s

santamariense

1 Like

Muito obrigado, pessoal, pelas respostas!!

@santamariense , vou corrigir as vias que vc comentou. Obrigado pelo feedback.

@adrianojbr , @matheusgomesms e @santamariense , o que me motivou a pesquisar sobre e trabalhar nisso foi este mapa:

Segue a imagem como exemplo:

Ele interpreta os dados do OSM para mostrar um mapa útil para ciclistas. Ele aponta também as vias de baixa velocidade (o tracejado cor de laranja), e isso ajuda os ciclistas a escolher melhores caminhos.
Mas, após o feedback de vcs, creio que o ideal seria que este mapa (o Ciclomapa.org.br) reconhecesse também ciclorotas, e então poderíamos marcar no mapa do OSM estas ciclorotas para facilitar para outros ciclistas a utilizarem o mapa.

Se tiverem sugestões de como fazer isso de uma forma melhor, eu agradeço. Mas aí talvez seja melhor eu abrir um outro tópico para separar o tema de ciclorota da questão do plano diretor.

Grato a todos.

As ciclorrotas já estão disponíveis no CicloMapa. Qual região você quer mapear? Posso ajudar com as etiquetas. No geral se usam essas etiquetas para ciclorrotas:

        ["cycleway", "buffered_lane"],
        ["cycleway:left", "buffered_lane"],
        ["cycleway:right", "buffered_lane"],
        ["cycleway:both", "buffered_lane"],
        ["cycleway", "shared_lane"],
        ["cycleway:left", "shared_lane"],
        ["cycleway:right", "shared_lane"],
        ["cycleway:both", "shared_lane"],
        ["cycleway", "share_busway"],
        ["cycleway:left", "share_busway"],
        ["cycleway:right", "share_busway"],
        ["cycleway:both", "share_busway"],
        ["cycleway", "opposite_share_busway"],
        ["cycleway:left", "opposite_share_busway"],
        ["cycleway:right", "opposite_share_busway"]

Lembrando novamente que só adicionamos no OSM quando há sinalização específica indicando o caso.

1 Like

Entendi. Na verdade o que eu quero (e creio não ser possível de utilizar estas tags para isso) é indicar sugestões de caminhos por conhecimento local de ciclistas.
Normalmente, ciclistas que conhecem bem a região tendem a utilizar certas ruas em detrimento de outras, ou por terem menos movimento de veículos maiores, ou por serem mais planas.
Minha ideia seria utilizar o CicloMapa para indicar estas sugestões, mas não sei se isso é possível.

Ah sim, tem razão. No OSM só mapeamos o que existe na realidade (ou o que está sendo construído, com etiquetas específicas indicando uma estimativa do término da obra). O CicloMapa utiliza 100% os dados do OSM.

Para esse tipo de planejamento, eu sugeriria utilizar alguma ferramenta externa, construída em cima do OSM. Não sei se tem alguma ferramenta do tipo para ciclovias, mas para desenhar em cima de uma camada de fundo do OSM talvez o uMap ou Felt?

1 Like

Vou verificar as suas sugestões e depois dou um feedback.

Obrigado @matheusgomesms