Ao que me parece a proposta original de tags do OSM, isto é, meios de descrever e identificar os objetos, é:
Para tags “highway=*”: são tags de “classificação” ou “categorização”.
Para colocar em “classes ou categorias”, isto é, valores relativos, importância, ou seja, “hierarquia”, numa rede viária: 3ªria < 2ªria < 1ªria …
Considerando que “possa existir” esta importância, e possa ser “verificada”, seja por informação vinda de fonte:
oficial; local; “survey”, “on the ground”; ou remotamente.
Ou por interpretação de caracterísiticas de uso (estatística de veículos, etc);
ou características físicas (também, mas não numa relação determinística necessária, pois são coisas diferentes);
Para tags “surface=*”: são tags de “descrição”.
Para “descrever” qualidades físicas. Em si não indicam “hierarquia”. “Não” são tags de “classificação” (ou hierarquia) como: 3ªria < 2ªria < 1ªria …
Ainda existem as tags:
- “maxspeed=*”,
- “width=*”,
- “sidewalk=*”,
- etc…
Onde já se viu embutir “maxspeed” em tag “highway”? E pra quê então existe a tag “maxspeed”?
Não teria que fazer survey em “todas” se velocidade máxima for embutida em “highway” (já que não dá pra ver as placas do satélite)?
Em países onde a rede viária é majoritariamente bem homogênea, como Alemanha, vá lá que se possa supor uma paridade.
Mas são pouquíssimos. E em geral países bem menores que o Brasil.
No Brasil isso não dá certo. Tem-se que dar espaço e prever as muitas exceções que certamente existem.
Categorização/classificação, e descrições variadas, são duas coisas “diferentes”.
As tags “descritivas” servem justamente para “complementar” o quer “não pode” ser esgotado em uma tag só como “highway”.
E daí se pode fazer “a posteriori” as priorizações que se quiser em aplicativos “derivados”.
Mas não subverter a informação original, simplificando-a… ou porque já supomos que teremos preguiça de adicionar outras tags…
Esse seria o mau “jeitinho brasileiro”.
Em ambos os casos (classificação e descrição), ainda, os possíveis efeitos no roteamento são “a posteriori”, dependem de programação de aplicativos de roteamento, e podem ter inúmeras variações.
Também não conheço tag para adicionar barreiras físicas tipo “barrier=divided” ou coisa parecida. Pode até ser que exista, mas não é necessária para indicar separação física. Pois o mapeamento de ways paralelos sem conexão já basta.
2/3 dos países usam as Tags highway=* para classificação de importancia, deixando a descrição estritamente física para as Tags surface=, para o que foram de fato criadas.
1/3 dos países resolveram fazer diferente. Pretendem “embutir” em cima das Tags highway= distinções físicas, como superfície, separação, acostamento, etc.
Talvez por que de fato se mapeia remotamente estradas, e não é mesmo muito fácil obter bem um registro do surface=* remotamente,
porque muitas vezes esta tag exige mais exame “on the ground”.
A informação de “importância” pode ser obtida de várias fontes.
A informação de “qualidades físicas” exige mais verificação em proximidade, “survey”, “on the ground”.
Quando se pretende “embutir” em cima das Tags highway=* distinções físicas, se misturam as coisas:
tenta-se forçar que a classe ou importância seja regida por tais e tais características físicas. Estabelecer forçadamente uma correspondência entre as tags highway=* e determinadas características físicas exige ainda mais esforço, pois tem que conseguir determiná-las nos objetos. Se se amarra qualidades físicas às tags highway=*, isso significa que somente deveriam ser mapeadas após confirmação exata.
Aí começam a surgir as perguntas:
Se for assim:
-É exatamente isso que se quer? Só as cidades de origem de cada mapeador mapeadas (e olha lá)?
(Mas na prática está tudo mapeado…)
-Não deveríamos somente esperar para mapear aquilo cujas caracterísiticas físicas é confirmado, ou seja, mormente “on the ground”?
-Não deveríamos abandonar definitivamente o mapeamento remoto da maior parte do mundo, em nome da exatidão?
-E na prática, será que este esforço é desejável no OSM?
-E se for cumprido, ele não perverteria ainda mais, por pretender dar como “exato” o que “não era pra ser tão exato”, nas tags highway=?
-E com isso não acaba por subutilizar as tags surface= e as demais?
-Será que se fez survey ou verificou seguramente todas as “qualidades físicas”, tal como exigem os “esquemas a posteriori” de determinações físicas nas tags highway=*?
-Será que na prática não se “supõe” muita classificação?
-Quanto tempo levaria pro mundo estar minimamente mapeado? Qual o real benefício de tentar exatidão a tal ponto? Quais os possíveis prejuízos de se mapear sem exatidão absoluta e imediata?
-O quê se poderia mapear já, e o que depende exclusivamente de confirmação no local e poderia eventualmente ser deixado para posteriores aprofundamentos, sem prejuízo do andamento, sem gerar imobilização?
Certamente não se faz survey em tudo. Fosse assim muito menos das vias do mundo deveriam estar mapeadas.
É isto que se quer? Basta dar uma olhada nas coberturas de tracks de GSP.
Se o objetivo é exatidão inequívoca, estaria o mundo todo fazendo o que não se deveria fazer?
-ou mapeando o que não tem certeza absoluta (é totalmente inválido?);
-ou mapeando para roteador, adicionando especificações físicas com medo de que um roteador se engane.
(sendo que “mapping for the renderer”, “mapping for the router”, ou “mapping for the…seja lá o que for” são o mesmo procedimento inexato, que subestima o papel
das tags próprias).
Que recursos existem que permitam mapear características separadamente?
-o que se pode obter informação mais facilmente, oficialmente ou remotamente, e pode ser mais ágil?
-o que exige necessariamente informação local, e demanda mais tempo?
-Não existem tags que permitem um e outro?
-É razoável tentar esgotar toda intenção de exatidão em “uma única” tag?