Votação da proposta Trunk para 5 rodovias federais

É interessante isso porque sugere alguns critérios a mais para as rotas transnacionais. Google dá a rota por Uruguaiana, Here.com e Waze dão a rota por Paysandu. Tem outras situações em que o Google também tem evitado mais os cruzamentos de fronteiras do que os outros dois sistemas.

Quando eu propus num primeiro momento de usarmos os sistemas comerciais para encontrar as melhores rotas por consenso, é porque ainda não discutimos sobre a forma de avaliar qual seria a melhor rota entre A e B. Se concordamos que o número de fronteiras afeta o cálculo (mas quanto?), podemos já incluir isso na análise.

Considere a rota entre San Salvador de Jujuy e Campo Grande. Mesmo o Google, que evita as fronteiras, opta por uma rota que cruza duas fronteiras (Argentina-Paraguai e Paraguai-Brasil) ao invés de contornar o Paraguai para cruzar apenas uma. Talvez, ao invés do número de fronteiras, o Google esteja ponderando que cada fronteira custa um certo tempo para atravessar - meia hora, ou uma hora talvez.

Considerando esta notícia:

  • Alguns produtores locais dizem que a velocidade atualmente praticável entre os quilômetros 58-70 da rota 26 é de ~20km/h

  • Se o limite oficial da rota for de 90km/h, a deterioração faz a transposição desse trecho levar 14 minutos a mais que o projetado

  • Se o Google não estiver levando isso em consideração no cálculo, o tempo total passaria de 13h15-15h10 para 13h30-15h25

  • Já o tempo total dado pelo Google para a rota por Uruguaiana é de 13h25-15h45, muito similar

  • Os tempos dados pelo Waze são de 13h41 por Paysandu+Rivera e 13h50 por Uruguaiana; os do Here.com são de 14h37 por Paysandu+Rivera e 16h23 por Uruguaiana

  • Por outro lado, a rota por Paysandu tem 1170km e a rota por Uruguaiana tem 1305km, 135km ou 12% a mais

  • O que vi na notícia e no Street View (onde possível) no máximo mudaria o valor de smoothness de excellent (possível para skates e patins) para bad (possível para mountain bike mas não para bicicleta urbana); só o OSRM considera essa etiqueta no momento, e essa mudança o faria limitar a velocidade em 40km/h, o que diminuiria o atraso causado pela deterioraçao de 14 minutos para 7 minutos; atualização: no vídeo que cito abaixo, pode-se notar vários trechos não-pavimentados no início da rota, com algo que me parece surface=compacted, isso provavelmente adiciona alguns minutos ao atraso total

  • A diferença provavelmente tem a ver com o tipo de veículo em questão (ex.: carro ou caminhão)

  • Google Maps, Here.com e Waze não têm perfil de rota para caminhão para levarmos em consideração, e se decidirmos que a classificação deve considerar os veículos pesados, temos que pensar quais serão os critérios para que tenhamos verificabilidade

  • Pelo que entendi da notícia e pelo que vi no Street View, os trechos ruins se intercalam com trechos em boas condições (exemplo), ou seja, 20km/h ou 40km/h não seria a velocidade média e sim a velocidade mínima em alguns pontos, a média seria provavelmente maior, resultando em um atraso ainda menor

Enfim, isso expõe uma fragilidade desse método: alterações locais temporárias podem afetar rotas entre lugares distantes. No entanto, nesse caso, apenas o trecho entre Tacuarembo e Paysandu pela rota 26 teria sido classificado incorretamente. O que podemos fazer é, após a classificação inicial, discutir quais trechos foram classificados erroneamente e, por votação, num lugar público como o fórum, registrar a decisão de alterar a sua classe. Fazendo assim, este vídeo poderia ser mencionado como justificativa. Melhor ainda seria mencionar fontes oficiais, como este estudo do CNT no Brasil. Algo similar - mas não oficial - parece ter sido feito pelo jornalista Hugo Castro do El País aqui (imagem original).

Em outro exemplo, o atual transbordamento da laguna La Picasa na Argentina produziu um bloqueio na rota nacional 7, que até então era a principal rota entre Buenos Aires e Santiago. Sem saber disso, essa via poderia acabar sendo classificada incorretamente. Mas são casos excepcionais e incomuns.